domingo, maio 11, 2008

Basílio da Gama - Soneto

A uma senhora natural do Rio de Janeiro, onde se achava então o autor.

Já, Marfiza cruel, não me maltrata
saber que usas comigo de cautelas,
Qu'inda te espero ver, por causa delas,
arrependida de ter sido ingrata.

Com o tempo, que tudo desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas;
Verás murchar no rosto as faces belas,
E as tranças d'oiro converter-se em prata.

Pois se sabes que a tua formosura
Por força há de sofrer da idade os danos
Por que me negas hoje esta ventura?

Guarda para seu tempo os desenganos,
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco a flor dos anos.

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