sexta-feira, maio 09, 2008

Horácio, I, 1.

Maecenas atauis edite regibus,
o et praesidium et dulce decus meum,
sunt quos curriculo puluerem Olympicum
collegisse iuuat metaque feruidis
euitata rotis palmaque nobilis
terrarum dominos euehit ad deos;
hunc, si mobilium turba Quiritium
certat tergeminis tollere honoribus;
illum, si proprio condidit horreo
quicquid de Libycis uerritur areis.
Gaudentem patrios findere sarculo
agros Attalicis condicionibus
numquam demoueas, ut trabe Cypria
Myrtoum pauidus nauta secet mare.
Luctantem Icariis fluctibus Africum
mercator metuens otium et oppidi
laudat rura sui; mox reficit rates
quassas, indocilis pauperiem pati.
Est qui nec ueteris pocula Massici
nec partem solido demere de die
spernit, nunc uiridi membra sub arbuto
stratus, nunc ad aquae lene caput sacrae.
Multos castra iuuant et lituo tubae
permixtus sonitus bellaque matribus
detestata. Manet sub Ioue frigido
uenator tenerae coniugis inmemor,
seu uisa est catulis cerua fidelibus,
seu rupit teretis Marsus aper plagas.
Me doctarum hederae praemia frontium
dis miscent superis, me gelidum nemus
Nympharumque leues cum Satyris chori
secernunt populo, si neque tibias
Euterpe cohibet nec Polyhymnia
Lesboum refugit tendere barbiton.
Quod si me lyricis uatibus inseres,
sublimi feriam sidera uertice.



De reis avós Mecenas descendente,
Ó meu amparo, ó doce glória minha:
A uns apraz alevantar no circo
Olímpica poeira, e das ferventes
Rodas a meta salva, e a palma nobre,
Que os alça aos Deuses árbitros da terra:
A este, se dos móbiles Quirites
Porfia a turba erguê-lo às mores honras:
Àquele, se guardou em seu celeiro,
Quanto das eiras líbicas se varre.
A quem folga com a enxada os pátrios campos
Fender nunca moveras com as atálicas
Fortunas, a que em cíprio lenho corte
o mar Mirtôo pavoroso nauta.
Temendo o mercador ábrego em luta
Com o mar icário, louva o ócio e os campos
Do ninho seu: mas logo os rotos vasos
Concerta indócil a sofrer pobreza.
Um do Massico anejo os copos ama,
E tirar parte ao dia inteiro, uma hora
Jazendo sob o verde medronheiro,
Ora à branda matriz da sacra linfa.
A muitos o arraial, e o som da tuba
Com os clarins misturado apraz, e as guerras
ódios das mães. Atura ao frio Jove
O caçador, e a tenra esposa esquece;
Ou vissem fiéis cães a corça, ou Marso
Javardo entrasse nas torcidas malhas.
A ti, das doutas frentes prêmio, as eras
Com os Deuses supernos me misturam;
A mim gélido bosque, e leves coros
Das ninfas, e dos sátiros, me extremam
Do povo: se nem tolhe Euterpe as frautas,
Nem foge de afinal Polínia a lira
Lésbia. Se aos vates líricos me ajuntas,
Ferirei com a sublime frente os astros.

Tradução: Elpino Duriense.

Nenhum comentário: