sexta-feira, setembro 18, 2009

Bocage [1]

Marília, nos teus olhos buliçosos
Os amores gentis seu facho acendem,
A teus lábios voando, os ares fendem
Terníssimos desejos sequiosos;

Teus cabelos sutis e luminosos
Mil vistas cegam, mil vontades prendem,
E em arte aos de Minerva se não rendem
Teus alvos, curtos dedos melindrosos.

Reside em teus costumes a candura,
Mora a firmeza no teu peito amante,
A razão com teus risos se mistura;

És dos céus o composto mais brilhante:
Deram-se as mãos virtude e formosura,
Para criar tua alma e teu semblante.

Oh! Vem, deidade horrenda, irmã da Morte,
Vem, que esta alma, avezada a mil conflitos,
Não se assombra do teu, bem que mais forte;

Mas, ah! Mandando ao Céu meus ais contritos,
Espero, que primeiro que o teu corte,
Me acabe viva dor dos meus delitos.

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