sábado, dezembro 05, 2009

Paulo Silenciário - Antologia Grega

5.252
Atiremos longe nossas túnicas e, nus nós dois,
entrelacemos, bela, nossos membros nus.
Que não haja nada de permeio: um muro de Semíramis
me parece o tecido mais ligeiro em ti.
Que se juntem nossos peitos, nossos lábios, e em silêncio
passe o resto: eu abomino boca tagarela.

5.258

Tuas rugas, Filina, são preferíveis à seiva toda
da juventude; desejo ter em minhas mãos
antes os teus pomos pensos sob o peso dos cachos que
os seios em riste de uma donzela qualquer.
Teu outono é melhor que a primavera de outras, e há mais
calor em teu inverno do que no estio delas.

5.272

Boca unida à boca, tenho os seios em minhas mãos
e lhe devoro em fúria o alvíssimo pescoço.
Porém não é minha ainda toda essa Afrodite; insisto
em persegui-la, à virgem que me nega o leito.
É que ela deu-se, metade à Páfia, a outra metade a Atena:
eu, no meio das duas, vou me consumindo.

Tradução: José Paulo Paes
Fonte: Poemas da Antologia Grega ou Palatina, São Paulo: Companhia das Letras, 1995

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