segunda-feira, julho 04, 2011

Íbico, fr. 286 PMG "Primavera"

Na Primavera, os marmeleiros
da Cidônia, regados pelas correntes
dos rios, lá onde das Virgens
está o puro jardim: e os pâmpanos
a crescerem sob folhagens sombrias,
rebentos de vinha. Mas para mim o amor
não descansa em nenhuma estação;
ardendo sob o relâmpago
como o Bóreas da Trácia,
lança-se de junto de Cípris com sedentas
insânias, tenebroso, desavergonhado,
e com força, de cima a baixo, sacode
o meu espírito.

Tradução de Frederico Lourenço


Fonte: LOURENÇO, F. Poesia Grega de Álcman a Teócrito. Lisboa: Cotovia. 2006

Íbico, fr. 285 PMG - "Sob pálpebras azuis"

O Amor de novo sob pálpebras azuis
com seus lânguidos olhos me contempla,
e com toda a espécie de encantos
me lança para as malhas inelutáveis da Cípris.
Na verdade tremo à sua chegada,
como o cavalo portador do jugo e arrebatador de prêmios, já velho,
que entra contrariado com o rápido carro na corrida.

Tradução de Frederico Lourenço

Fonte: LOURENÇO, F. Poesia Grega de Álcman a Teócrito. Lisboa: Cotovia. 2006

Íbico - "Euríalo" (fr. 288 PMG)

Euríalo, rebento das Graças de olhos esverdeados,
favorito das...de bela cabeleira! Cípris
e Persuasão de pálpebras suaves
te nutriram entre flores de rosas.

Tradução de Frederico Lourenço

Fonte: LOURENÇO, F. Poesia Grega de Álcman a Teócrito. Lisboa: Livros Cotovia. 2006.

Anacreonte fr.346 PMG

Mas tens além disso um temperamento
medroso, tu que dos rapazes tens o rosto mais belo!
Que te mantém firmemente em casa
é o que pensa a tua mãe,
mas tu fugiste...
para os campos cobertos de jacintos,
onde Cípris soltou do jugo
os seus cavalos.
...no meio te lançaste,
...e muitos dos cidadãos
sentiram o coração a esvoaçar.

Eu andava no pugilato com um adversário difícil,
...mas levanto a cabeça...
e devo muita gratidão...
por ter fugido do Amor...
e das suas amarras...
terríveis, por causa de Afrodite.
Que me tragam vinho,
que me tragam água a borbulhar.

Tradução de Frederico Lourenço

Fonte: LOURENÇO, F. Poesia grega de Álcman a Teócrito. Lisboa: Cotovia, 2006

domingo, julho 03, 2011

Ítaca

Quando partires em viagem para Ítaca,
faz votos para que seja longo o caminho,
pleno de aventuras, pleno de conhecimentos.
Os Lestrigões e os Ciclopes,
o feroz Poseidon, não os temas,
tais seres em teu caminho jamais encontrarás,
se teu pensamento é elevado, se rara
emoção aflora teu espírito e teu corpo.
Os Lestrigões e os Ciclopes,
o irascível Poseidon, não os encontrarás,
se não os levas em tua alma,
se tua alma não os ergue diante de ti.

Faz votos de que seja longo o caminho.
Que numerosas sejam as manhãs estivais,
nas quais, com que prazer, com que alegria,
entrarás em portos vistos pela primeira vez;
pára em mercados fenícios
e adquire belas mercadorias,
nácares e corais, âmbares e ébanos
e perfumes voluptuosos de toda espécie,
e a maior quantidade de voluptuosos perfumes;
vai a numerosas cidades egípcias,
aprende, aprende sem cessar dos instruídos.

Guarda sempre Ítaca em teu pensamento.
É teu destino aí chegar.
Mas não apresses absolutamente tua viagem.
É melhor que dure muitos anos
e que, já velho, ancores na ilha,
rico com tudo que ganhaste no caminho,
sem esperar que Ítaca te dê riqueza.
Ítaca deu-te a bela viagem.
Sem ela não te porias a caminho.
Nada mais tem a dar-te.

Embora a encontres pobre, Ítaca não te enganou.
Sábio assim como te tornaste, com tanta experiência,
já dve ter compreendido o que significam as Ítacas.

Tradução de Ísis Borges da Fonseca
Fonte: FONSECA, I.B. Poemas de  K.Kaváfis. São Paulo:  Editora Odysseus, 2006.


Tradução de José Paulo Paes